Como não tinha
amigos na escola e os seus pais sempre muito ocupados, não tinha com quem
desabafar, tendo como única válvula de escape falar sobre seus problemas com
estranhos, nas redes sociais. Como sabemos a Internet, se mal utilizada pode
ser muito perigosa, e ele se abria para qualquer pessoa que se mostrasse amiga.
Nestes bate-papos, começou a entrar em grupos, que começaram a incentivá-lo a
participar de desafios e jogos perturbadores, começou a se automutilar e desenvolveu
uma depressão profunda, passou a se isolar cada vez mais; ninguém notava seus problemas,
o que o fazia pensar que era invisível. Tentava conversar com seus pais, mais
os mesmos, preocupados com suas carreiras, jamais tinham tempo para ele; da mesma
forma, tentava conversar com seus professores, que alegavam que tinham muito conteúdo
para ministrar, não restando tempo para uma conversa mais prolongada.
Diante de tal
situação, o que lhe restava eram seus amigos virtuais, que cada vez mais o
incentivam para o mal, chegando a colocá-lo em grupos de suicídio. Quando
estava no auge do desespero, já cogitando atentar contra sua própria vida, tudo
desencadeado pelo bullying, lembrou que nesta escola tinha um monitor
disciplinar diferente, que não se preocupava somente com a parte disciplinar
dos alunos e com os conteúdos que os professores ministravam, ele se preocupava
com o sentimento dos alunos, com suas emoções, era sempre muito alegre,
sorridente, procurava ajudar a todos, ouvia profundamente e empaticamente os
alunos. Deixava tudo que tinha para fazer para dar-lhes atenção, era muito
respeitador e cordial com todos: professores, servidores, alunos, sendo muito querido;
e o melhor, ele tinha uma característica muito peculiar, sempre andava com um
violão e adorava cantar para os alunos.
Decidido, o menino
resolveu procurar o monitor, todavia quando estava indo a escola com este
intuito, foi atacado na rua por colegas, que o agrediram, rasgando sua camiseta e o derrubando ao chão; para piorar ainda fizeram vídeos e fotos dele naquela situação
humilhante e saíram zombando, dizendo que já haviam publicado nas redes sociais
aquela humilhação. O menino chegou na escola chorando e falou com o monitor:
- Venho aqui, monitor,
porque me sinto insignificante, invisível, não tenho forças, nem ânimo para
fazer nada. Dizem-me que não sirvo para nada, que não faço nada bem, que sou
lerdo e muito idiota, todos os dias me batem, me xingam, me humilham, não tenho
amigos, meus pais não tem tempo pra mim, minha vida perdeu completamente o
sentido, estou deprimido, conheci umas pessoas pela Internet que me incentivaram
a me mutilar, o que piorou muito minha situação, estou participando de grupos
de suicídio e estou pensando realmente em dar cabo da minha vida, pois tenho
certeza que ninguém notará minha falta, pois ninguém gosta de mim. Preciso da
sua ajuda! Como posso melhorar? O que posso fazer para que me valorizem?
O monitor, com um
olhar duro e com uma voz arrogante disse:
- Não estou nem um
pouco preocupado com você, não posso e não quero te ajudar, devo primeiro
resolver os meus próprios problemas. Aprenda uma coisa meu jovem, as pessoas
são egoístas, olham somente para seus próprios umbigos, e eu sou assim também. Falou
o monitor de maneira ríspida e arrogante, o que causou um espanto no menino,
pois ele sempre foi carinho e solícito com todos.
O monitor continuou:
-Talvez
depois. E fazendo uma pausa, falou:
- Se você me
ajudasse, eu poderia resolver o meu problema, e depois de resolver o meu
problema, quem sabe eu não ajude você a resolver o seu.
-
C... claro, monitor, gaguejou o garoto, que se sentiu outra vez desvalorizado e
hesitou em ajudar, porém ele era um menino bom, e quem é bom faz o que é certo,
independentemente de como é trato, quem é bom faz o bem, este era seu lema. O monitor
tirou um anel que usava, deu ao garoto e disse:
- Vá até a feira
agora. Tenho que vender esse anel porque tenho que pagar uma dívida. É preciso
que obtenhas pelo anel o máximo possível, mas não aceite menos que cinquenta
reais. Vá e volte com o dinheiro o mais rápido possível. O garoto pegou o
anel e partiu. Mal chegou a feira, começou a oferecer o anel aos feirante e transeuntes.
Eles olhavam com algum interesse, até quando o jovem dizia o quanto pretendia
pelo anel. Quando o menino mencionava o valor, cinquenta reais, alguns riam,
outros saíam sem ao menos olhar para ele, outros falavam que ele era um ladrão,
vigarista, que o anel não valia tudo isso, que era falsificado. Um velhinho,
que vendia umas folhagens, em uma barraca bem humilde, foi amável a ponto de
explicar que, cinquenta reais era muito para aquelas pessoas, que elas iam a
feira com pouco dinheiro, e o pouco que levavam não era para comprar supérfluos,
mas somente o necessário. Depois de oferecer a joia a todos que passaram pela feira,
abatido pelo fracasso voltou a escola decepcionado. O menino desejou ter cinquenta
reais para que ele mesmo pudesse comprar o anel, livrando da preocupação seu monitor
e assim podendo receber ajuda e conselhos. Entrou na escola e disse:
- Monitor, sinto
muito, mas é impossível conseguir o que me pediu. Talvez pudesse conseguir dez
ou vinte reais, mas não acho que se possa enganar ninguém sobre o valor do anel,
as pessoas até demonstravam algum interesse, mais quando eu falava o valor,
saiam com insultos, dizendo que este anel não vale tudo isso.
- Importante o que
disse, contestou o monitor ainda com ar bastante arrogante. Devemos saber
primeiro o valor do anel. Vá agora até joalheria e fale com o joalheiro. Quem
melhor para saber o valor exato do anel, do que um especialista? Conte a história,
diga que quer vendê-lo e pergunte quanto ele te dá por ele. Mas não importa o
quanto ele te ofereça, não o venda. Volte aqui com meu anel.
O jovem garoto foi
até o joalheiro, contou a história e lhe deu o anel para examinar. O joalheiro,
ao pegar o anel para examinar já demonstrou espanto, exclamando:
- Não pode ser
real, é falso, não é possível! Examinou o anel cuidadosamente com uma lupa,
pesou-o e disse:
- Diga ao seu monitor,
se ele quiser vender agora, eu pago um milhão de reais pelo anel. O menino,
surpreso, exclamou:- UM MILHÃO DE REAIS!!!
- Sim, replicou o
joalheiro, eu sei que é pouco, mais é todo dinheiro que possuo, não vou te
enganar, este anel vale mais de dez milhões, pois é feito de um ouro especial, que não existe mais no mundo, este anel é único, não existe outro exemplar como
este, ele é uma relíquia, uma raridade.
O garoto pegou o anel,
e correu emocionado para a escola, para contar o que ocorreu ao monitor, pois ele
era possuidor de uma grande fortuna e quase iria cometendo um grave erro, se
tivesse vendido o anel na feira. O menino chegou a escola esbaforido.
- Sente-se, meu
jovem, disse o monitor, com um belo sorriso no olhar e de forma bem carinhosa,
como ele sempre fora. Depois de ouvir pacientemente tudo que o jovem lhe
contou, disse: - Primeiro, eu te tratei de forma ríspida e arrogante,
pois as vezes só aprendemos com as lições mais duras da vida; porém desde o início
eu queria te ensinar uma valiosa lição. Você é como esse anel, uma joia valiosa
e única, não existe no mundo ninguém como você, com seus dons, talentos, aptidões.
Seus colegas na escola, que praticam bullying, que fizeram desencadear todo esse
sofrimento emocional, são como aquelas pessoas na feira, tiveram a oportunidade
de comprar o anel por um valor irrisório, poderiam ter ficado ricas, mas não conseguiram
enxergar o valor que tinham em suas próprias mãos, assim são eles, não deixe que
apaguem o brilho que é seu, o valor que existe em você excede todas as riquezas
do mundo somadas, sendo possível ser avaliado somente por um especialista, como
tentei demonstrar com o joalheiro.
E dizendo isso
voltou a colocar o anel no dedo, o menino já estava em prantos, quando o
monitor olhou profundamente em seus olhos, pegou seu violão e cantou uma bela canção(A MÚSICA ESTÁ NO VÍDEO ABAIXO),
que narrava todo aquele aprendizado de maneira inigualável e profunda em suas emoções.
Daquele dia em
diante, o menino reconheceu que é importante, que tem valor, para sua família,
para a escola, para seu país; jamais voltou a se mutilar, venceu a depressão, começou
a enxergar o mundo com bons olhos, passou a amar a vida, se amar, passou a ter autoestima,
autoimagem e auto aceitação elevados e os colegas que antes o faziam sofrer,
passaram a respeitá-lo, e assim ele transformou inimigos em amigos; mais só depois que reconheceu e deu a si mesmo, o seu real valor.
Aquino Educador
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